26 de novembro de 2009

Caroço de azeitona: sugestão de leitura


No blogue do meu companheiro de ministério JPCosta encontrei esta sugestão e gostei. Valeu a pena ter espicaçado... Com a devida licensa coloco aqui. É grande mas vale a pena
 Proposta de leitura do livro Caroço de Azeitona de Erri de Luca... É um livro pequeno mas de grande densidade e profundidade... Partilho uma possível abordagem e a entrevista do autor...


Caroço de azeitona

Entre nós, chama-se Antigo Testamento a uma recolha de escrituras sagradas do povo hebreu. Na sua língua de origem aparece sob o título de Mikrà / leitura. Porque é esse o seu valor de uso, o de ser lida em alta voz na assembleia dos ritos, nos sábados, nas festas. E mesmo quando alguém a lê por conta própria, nos tempos livres, separado dos outros, a regra impõe que mova os lábios, que não leia só com os olhos. O corpo deve participar, respiração e lábios pelo menos, acompanham a viagem das palavras antigas, fazendo-se portadores destas.

O acontecer destas escrituras é a revelação: um Deus, único e solitário, fez o mundo por meio da sua voz primeiro, da luz em seguida. Extraiu-o do nada, cuidando, com a mesma atenção, do imenso infinito e da partícula.

Uma boa parte da humanidade não tem consciência de ter saído de Deus. Muito aflige o acto de confiança, antes do acto de fé. Permaneço, como não crente, alguém que passa pelas escrituras sagradas e não um residente. Desloco-me ao longo das linhas paralelas de um outro alfabeto, fechado entre vinte e duas letras dispostas entre o alef e o tau, que se lêem em direcção contrária à nossa, em páginas que se desfolham ao contrário. Passo sobre esta língua com o dedo e com as pestanas e dou-me conta do choque, do impacto que sofreu. Uma vontade de se revelar e agir dentro do mundo precipitou-se sobre uma língua de palavras descarnadas, hostil a todo o conceito abstracto. Precipita sobre vocábulos de três sílabas com o acento colocado sobre a última, e transmite-lhes a tarantela febril da sua incandescência. Os verbos, pela urgência, comandam a frase, abrindo-a antes do sujeito, antecipando-o, mesmo quando se trata de Deus. Todas as vezes que se lê na tradução: «E Deus disse», esteja-se certo que em hebraico é: «E disse Deus». Porque nesta vontade de revelação o dizer é mais importante e urgente do que o próprio facto de ser Deus a falar.

Toda a criação, e o fazer seguinte, e todo o fazer segundo, que é o dos homens, escrevem-se dando precedência à obra do verbo. «Escuta Israel», recita, lendo o livro entre nós chamado de Deuteronómio e pelos hebreus Devarìm / palavras, a principal oração hebraica. Escutar é a primeira urgência, o primeiro pedido.

Ler as escrituras sagradas é obedecer a uma precedência do escutar. Começo as minhas manhãs com um punhado de versículos, para que o meu dia tenha um fio condutor. Posso depois dispersar-me durante o resto das horas correndo atrás do que tenho para fazer. No entanto mantive para mim um penhor de palavras duras, um caroço de azeitona para andar a girar na boca.


Errio de Luca


De uma entrevista ao Público (Ípsilon) por António Morujo:

É verdade que começa o dia lendo versículos da Bíblia “para que o dia tenha um fio condutor”?
Acordo todos os dias estudando o hebraico antigo. Não sou crente. Tenho necessidade disso para despertar, como algo que acompanha o café, para forçar a caixa fechada do meu crânio.

Porquê esse fascínio pelo texto bíblico?
Porque aquele é o formato original do qual descende toda a nossa civilização religiosa. Para mim aquele é um texto obrigatório. E aproveito de maneira escandalosa do facto de só eu o conhecer. E de poder desmascarar todas as traduções péssimas, ruins e mal intencionadas. Aproveito o talento que tenho, mas o texto deveria ser conhecido por todos.

É nesse sentido que fala da Bíblia como um caroço de azeitona?
Sim. As palavras que lia de manhã, quando trabalhava como operário, tinha-as como companhia para todo o resto do dia. Remastigava-as no trabalho das obras e fazia como se fosse um caroço de azeitona que me ficava na boca.

Já traduziu vários livros da Bíblia, escreveu “Em Nome da Mãe”, uma das mais belas narrativas ficcionadas do nascimento de Jesus. Há um livro ou uma personagem da Bíblia de que goste mais?
José. Nenhum dos evangelhos diz que era velho, podemos imaginá-lo jovem, belo e enamorado.
O seu nome vem do verbo hebraico yasaf, que quer dizer acrescentar. Yosef, à letra, é aquele que acrescenta. E o que acrescenta ele? Para já, a sua fé. Ele acredita na versão da sua noiva, grávida mas não dele. Acrescenta a sua fé à fé da rapariga que tinha acolhido aquela notícia.
Acrescenta-se ainda como esposo daquela rapariga, impedindo assim a condenação à morte, porque ela, perante a lei, era adúltera. E acrescenta-se enquanto segundo pai daquela estranha criatura aparecida no meio deles, Jesus, Yeshu em hebraico. Ele contribui e muito para esta história. No evangelho não é tido em conta mas nesses nove meses deu um contributo enorme.

Dê um exemplo das más traduções da Bíblia de que falou.
No original hebraico, não está a condenação de Eva de parir com dor. A palavra hebraica é esforço, fadiga. Não é dor, porque ali não há intenção punitiva da divindade. Há apenas uma verificação.
Àqueles dois, que comeram da árvore do conhecimento do bem e do mal e que se encontraram nus, diz: “Vocês tornaram-se outra coisa, não pertencem já a nenhuma espécie animal; nenhuma espécie animal sabe que está nua; aconteceu uma mudança total”.
Está dizendo que a facilidade, a agilidade de parto ou a naturalidade com que os animais têm os filhos não acontecerá mais. E Adão diz logo: “Maldita a terra.” Porquê, se a terra não lhe fez nada? Porque há outra verificação: Adão não se contentará com o fruto espontâneo, mas esforçará a terra, irá afadigá-la também com o seu suor, irá desfrutá-la para tirar o maior lucro. A terra será maldita por causa do esgotamento dos recursos.

Não há, então, um castigo?
Vê-se que não há intenção punitiva, porque logo a seguir a divindade faz vestes de peles para cobrir aqueles dois nus. Este é o gesto mais afectuoso.
A palavra hebraica que aqui é traduzida como dor, aparece outras cinco vezes: quatro nos Provérbios e uma nos Salmos. Cinco vezes em seis é traduzida como esforço e fadiga. Ali, metem na boca da divindade uma condenação. E sobre isto baseou-se toda a subordinação feminina, a culpa de Eva.

Publicou há pouco em Itália um livro com o título “Penúltimas Notícias sobre Jesus”. Que notícias são essas?
São todas tomadas das histórias do Novo Testamento, do evangelho. São penúltimas porque as últimas, as respeitantes ao seu regresso, ao cumprimento da promessa, essas estão em suspenso. O cristianismo vive num intervalo entre o anúncio do fim, feito por Jesus, e o cumprimento deste anúncio. São dois mil anos de intervalo, de tempo suplementar.

E quem é esse Jesus?
É um Jesus em carne e osso, um Jesus ainda vivo, que está um tempo na oficina de carpinteiro do seu pai, até começar a sua missão. Vive num território ocupado militarmente por uma nação hostil, a maior potência militar. E pode dizer “dai a César o que é de César”, porque nada naquela moeda tem poder sobre o mundo. Por isso, é uma figura em carne e osso. Um hebreu daquele tempo.

Vigilantes à Luz do Dia



A noite vai adiantada e o dia vem chegando.
Somos filhos do Dia, filhos da Luz.
Por isso, é preciso combater as trevas,
honrar o dia, já que não somos da noite.
É urgente deixar de mergulhar nos lodaçais da noite
para viver na transparência e claridade do dia.


É preciso estar atento, vigilante e desperto,
longe do sono que arrasta
da pasmaceira que acomoda.


É preciso ter o coração acordado
como lâmpada a velar,
a olhar as necessidades do mundo:
o pobre caído nu,
o faminto solitário sem pão,
o excluído perdido e sem sentido,
tantos sofredores a precisarem de ternura.


É hora! Acorda e vigia.
O dia está a chegar.
Deus não tem pressa nem tempo
mas tem a sua Hora.


JAC

25 de novembro de 2009

Vigiai



É um grande conselho, um grande apelo!
Vigilância exige, constância, atenção, perseverança.
É uma virtude que deve ser, na nossa vida, uma atitude.
Vigiar, sempre, sem desanimar
porque somos fracos
e não vigiamos nem uma hora.


Vigiar é ler à luz da Palavra,
os sinais reveladores de Deus.
Sabemo-nos peregrinos, estrangeiros, efémeros e passageiros
sem morada permanente nesta terra.
Como tal, não somos absolutos, dominadores e senhores
somos errantes, que esperam, o Senhor
porque Ele vem realizar a justiça


Estar atento e vigiar é a nossa melhor atitude
não apenas pelo saudável temor de Deus
mas para fazer e ver em Deus o verdadeiro Senhor,
Aquele que vem na pessoa do Filho, na hora em que não pensamos,
realizar a consumação.


Vigiar é preciso!
Estar alerta é salvação!

JAC

21 de novembro de 2009

Diz-me, Senhor




Sim, Jesus, és o meu Senhor e meu Rei!
Quero amar-Te servindo
E servir-Te sorrindo…


Diz-me, Senhor, o que queres que eu faça?
Olha as mãos que me deste
Estendidas, abertas e vazias…
Deixa que Te as empreste
Hoje, amanhã… todos os dias!


Diz-me, Senhor, onde queres que eu vá?
Olha os meus passos decididos!
Guia-os pelos teus caminhos
E faz com que não sejam perdidos…
Mesmo que andem sozinhos!


Diz-me, Senhor, o que queres que eu diga?
Queria ter as palavras certas,
Nem demais, nem de menos…
Faz com que haja portas abertas
E sejam os meus modos serenos!


Diz-me, Senhor, o que queres que eu faça?
Onde queres que eu vá?
O que queres que eu diga?
Deixa que Te sirva…
Que só para isso quero a minha vida!
Ámen!

Carminda Marques
Fome de Infinito

É Ele, o Reino




O Reino de Deus, o Reino que vem…;
É muito simples, é muito pouco:
Uma pequena semente,
Um nada de fermento…
É muito grande: mistério da vida, nesta pequena casca enegrecida,
Neste fragmento de massa lívida.


É Deus que nos ama; É Deus que vem caminhar
Para sempre ao nosso lado,
para dirigir os nossos passos incertos;
é o Filho que vem servir-se do som das nossas vozes,
para as harmonizar com a glória do Pai.


Ele dissera ao beduíno Abraão: faço aliança contigo,
E repete-nos: vou estar convosco para sempre (Mt 28, 20)


O filho veio para o meio de nós, passível e mortal.
Ei-lo, para sempre, constituído como Poder de Deus,
Aquele que nós ouvimos e vimos com os nossos olhos…,
Apalpámos com as nossas mãos… (1Jo 1, 1)


Companhia de Jesus que entre nós se apresenta
Aberta aos mais fracos, acolhedora para todos,
Que se instala sem ruído, sem congressos barulhentos,
Cuja carta é um pequeno livrinho de linguagem muito simples.


É demasiado discreto, demasiado apagado,
Para que alguns o vejam.
É tão simples como um serviço;
Apagado como uma serva delicada.
É silencioso, como uma semente na terra… que, noite e dia,
Germina e cresce (Mc 4, 26)


Os fariseus e os doutores de todos os tempos
Mantêm-se à distância.


Os filhos deste Reino são os pobres
Que nada têm neste mundo,
Que não têm bens que rebaixem os desejos:
Bem-aventurados os pobres,


Que não se revestem de uma força orgulhosa:
Bem-aventurados os mansos;


Que não se atordoam nas alegrias animais:
Bem-aventurados os aflitos;


Que não estão satisfeitos com as coisas tal como elas existem:
Bem-aventurados os que têm fome de justiça;


Que se não prevalecem dos seus direitos:
Bem-aventurados os misericordiosos.


Esses estão inteiramente dispostos a acolher Jesus-Rei. No seu coração
Como aquele pobre paralítico que jazia perto da piscina dos cinco pórticos
Como Zaqueu empoleirado na sua árvore…


Ambos renunciam ao pecado, ao que tinham,
Quando Jesus encontrou a sua miséria.


Jesus já o tinha dito ao doutor Nicodemos:
Para ver o Reino de Deus
É preciso nascer do Alto (Jo 3, 3).


M. Denis
Par Ti, Senhor

17 de novembro de 2009

Cristo Rei



Cristo Jesus
rei poderoso
és bom pastor
misericordioso.


Todo o universo
quer aclamar
o pastor e rei
que só sabe amar.


Jesus coroado rei
és do mundo Salvador
só em Ti eu tenho vida
só em Ti encontro amor.


Pela tua doação
tornas-me filho de Deus
e no fim da caminhada
faz-se conhecer os Céus.


O último juízo
é por amor
de toda a criação
és Tu o redentor.

JAC 2005

14 de novembro de 2009

Luz diante de nós…

O dia do Senhor virá como um ladrão,
Durante a noite (1Tes, 5, 4)
É preciso estar sempre pronto para acolher o Senhor.
É preciso estar sempre pronto, como as virgens prudentes,
Que se tinham abastecido de azeite para as suas lâmpadas.
Como os servos que esperam pelo amo,
Prolongando a sua vigília.
É preciso estar preparado para prestar contas, como aqueles que receberam de seu amo, antes da partida deste, talentos para fazer render.
Porque não somos da noite, nem das trevas,
Devemos viver na luz (1Tes 5,5).
Não durmamos, pois, como os outros, mas vigiemos
E sejamos sóbrios (1Tes5,6).
O nosso destino não é a cólera, mas o acolhimento do Pai,
Acolhimento caloroso para o pobre filho pródigo que regressa a casa.
É preciso saber que Cristo inscreveu os nossos nomes no Livro da Vida.
Cristo ressuscitou, está à direita do Pai,
E intercede por nós.
Se o renegar-mos, renegar-nos-á,
Mas podemos ter a certeza que nenhuma criatura poderá separar-nos do amor de Deus,
Manifestado em nosso Senhor Jesus Cristo (Rm 8, 39).
Enquanto esperamos o Dia, devemos glorificar o Pai, dando muito fruto (Jo 15, 8).
Aguardamos novos céus, uma nova terra,
Nos quais habitará a justiça (2Pd 3, 13),
E só o vencedor será revestido de túnicas brancas.
Paulo compara a vida a uma corrida no estádio,
Onde qualquer concorrente se abstém de tudo (1Cor 9, 25).
Diz aos seus cristãos que não passem os dias
A olhar para as nuvens, para não perderem a chegada de Jesus:
Nós vos ordenamos e recomendamos,
No Senhor Jesus Cristo, que trabalhásseis tranquilamente,
Para comerdes um pão que vos pertença (2Tes 3, 12).
Deve-se fazer mais ainda:
É preciso trabalhar para ter que repartir
Com o necessitado (Ef 4, 28).
Pensai no Senhor, confrontado com o balanço dos nossos dias com a sua regra de vida.
Bastar-nos-á dizer: «Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome?» (Mt 7, 22).
«Quando te vimos com fome, com sede ou sem abrigo?» (Mt 25, 44).
Ao vencedor fá-lo-ei sentar comigo
No meu trono, tal como eu, que também fui vencedor
E me sentei com meu Pai no trono dele (Ap 3, 21).
Eis que vem um Dia
Ardente como uma fornalha,
E todos os soberbos, todos os que cometem o mal,
Serão como a palha (Mal 4, 1).

Marcel Denis
Para Ti, Senhor…

Estamos aqui

Como é bom, Senhor, saber que o teu amor é infinito
E que a tua palavra é semente de esperança
A germinar no nosso coração!
Ainda que o pecado afaste de nós a graça,
O Deus da graça jamais nos abandonará!
Assim como «o pássaro canta,
Mesmo que se parta o ramos,
Porque sabe que tem asas»,
Também aqueles que crêem na tua palavra, Senhor,
Encontram razões para uma alegria sempre nova!
Tu vieste, Senhor, para que todos tenham vida
E a tenhamos em abundância de amor…
Queremos ser fiéis testemunhas da alegria dessa certeza:
Trazer na alma o cântico novo da gratidão,
No olhar, a semente de uma esperança sem fim
E nos gestos, amor à medida da tua vontade:
«Que vos ameis uns aos outros como eu vos amei!»
Estamos aqui, Senhor, seres limitados…
Com projectos de infinito!
Porque cremos em Ti, Ressuscitado e Glorioso,
Fonte da Água viva que alimenta a nossa fé e o nosso amor…
Estamos aqui!

Carminda de Sousa Marques
Fome de Infinito. Rezar com o Evangelho

Faz-me esperar, Senhor





Faz-me, Senhor, esperar
O teu sonho para este mundo.
Faz-me confiar nos teus projectos e planos
E não andar encantado e encandeado
Com as luzes que o mundo quer fazer brilhar
Mais que a Tua própria luz.


Tu queres uma humanidade feliz.


Por vezes a humanidade
Parece não querer ser feliz.


Mas, no meio dos dramas que vemos
No meio de tantas dores lancinantes
Que cortam a alma
Dá-nos a coragem e a esperança
Que nos faz entender (ou pelo menos tentar)
A transformação que operas no mundo.


Do mundo velho que habitamos
Queres construir um mundo novo.


Esse é o teu sonho.
E queres-nos comprometidos nessa construção.


Queres-nos envolvidos nesses projectos
Por meio de uma vida sensata, humilde,
Entregue e dada,
Capaz de olhar aqueles que mais sofrem
Que são vítimas de calamidades
Maiores ou menores que sejam.


Queres-nos atentos e vigilantes
Aos sinais que o mundo vai dando
Para que vejamos neles
O renascer e o ressurgir
De algo novo, maravilhoso.


A tua chegada.

JAC
14.11.09

Esperar o sonho de Deus


Estas são as ideias que partilharei com os cristãos da Unidade Pastoral de Águeda (UPA), neste fim de semana em que celebramos o 33.º domingo do tempo comum.

1. Proximidade do fim do ano litúrgico: “Fim do mundo”

Dia e noite, sol e lua, salvação e angústia, vida e morte, anjos e demónios, felicidade e condenação, inferno e paraíso: são os contrastes que a liturgia apresenta entre o mundo passageiro e terreno e o mundo novo que há-de vir.

A linguagem é apocalíptica – aponta para a realidade do final dos tempos usando imagens simbólicas.

Não devemos, por isso, entender literalmente a mensagem apocalíptica; nada de fazer cálculos e previsões para saber o quando; devemos confiar no cumprimento do anúncio de Jesus em relação à sua última vinda. A nossa atitude é de espera. Assim, desta Palavra que parece desajustada aos nossos dias, devemos retirar um convite forte e premente à esperança.

2. “Esperai sempre”
Daniel fala-nos intervenção libertadora de Deus a favor do povo que sofria a perseguição de um poder estrangeiro
É um convite à esperança: viver esperando a vinda do Filho do Homem através da fidelidade e constância aos planos de Deus
Os que permanecem fiéis recebem por recompensa a vida eterna

Evangelho: Marcos

• Deste evangelho recebemos a garantia da chegada de um mundo novo, de vida e felicidade
• Vigilância perante os sinais que anunciam a aparição da nova realidade

3. Esperar o sonho de Deus
Esta Palavra é para nós que vivemos num tempo que deixou de esperar o que quer que seja.

É-nos pedida fidelidade aos valores e aos desígnios de Deus mesmo diante de perseguição que sofremos do mundo em geral. É-nos pedida a perseverança e confiança num Deus que não abandona o povo que lhe é fiel.

Perante tantos dramas que todos os dias nos entram pela porta dentro, graças à comunicação social, somos, a partir desta Palavra, convidados a abrimos a nossa porta à esperança.

Deus não abandona a humanidade. Mais ainda: Deus quer transformar o mundo velho (do egoísmo e do pecado) em mundo novo (de vida e felicidade). Não caminhamos para o abismo, nem para o precipício, caminhamos, como peregrinos, para a vida plena, onde se encontram aqueles que sempre se buscaram e amaram um ao outro: Deus e Humano.

O cristão é o profeta que testemunha os valores de Deus que são eternos e não efémeros como os do mundo.
Somos, portanto, testemunhas e profetas da esperança. Os dramas do nosso mundo são sinais eloquentes da transformação do mundo velho que se renova, pela força de Deus, até surgir um mundo novo e melhor.

O cristão não se fundamenta no pessimismo e na angústia. Devemos, ser cristãos com “rosto de gente salva”, rosto onde transborda a fé num Deus que caminha connosco até à felicidade eterna.

Devemos olhar a história com confiança e esperança: o cristão é uma pessoa alegre e confiante que olha o futuro com serenidade sabendo de antemão que é Deus Amor quem lhe preside.

Vida eterna é a recompensa para os que vivem na fidelidade aos valores de Deus. Acreditamos, a partir da Ressurreição de Jesus Cristo, que a vida não acaba na morte e, por isso, não nos sentimos derrotados mas optimistas porque Deus reserva a vida eterna e verdadeira para os que estão “inscritos no livro da vida”.

Deus é Senhor da história e fará surgir um mundo novo. Para tal, nós, somos chamados a anunciar com a vida, com palavras e gestos, esse mundo que Deus sonha e projecta. A religião ou a fé não são ópio (Marx) mas, trampolim para nos comprometermos com a história. Que cada um se comprometa neste sonho de Deus e que um dia seja realidade para nós. Aí estará a nossa felicidade, a nossa vida, a nossa eternidade.

13 de novembro de 2009

Os tempos da vida



A vida, queiramos ou não,
É um decurso de dias e horas
Etapas, anos, tempo…


Na vida há diversos tempos
E variadas fases
Tendo em conta a circunstância
E o trajecto de cada um.


Há o tempo da utopia
Onde abunda uma certa inconsciência.
É o tempo dos sonhos, dos projectos,
Das ilusões e do “tudo posso”.


Claro que o conhecimento
E a experiência da realidade
Levam à não concretização de muitos sonhos…


Chega então outra fase.


Vem o tempo do desencanto
Marcado particularmente
Pela experiência do fracasso.


É a experiência de passagem
Da ilusão à desilusão
Que traz consigo a dor da derrota.


A desilusão vem logo a seguir
Abarcando em si
A incapacidade de mais sonhar
E a aparente morte da alma
Que carrega, ainda assim, um corpo vivo.


Entra-se deste modo em exílio interior
Por meio da rendição à realidade.


Mas, o silêncio
É também tempo de amadurecimento.
É como que um deserto de solidão,
Um lugar de encontro com Deus.


Assim mesmo renasce a esperança
Que continua bem viva
Debaixo das cinzas dos sonhos primeiros


Vem o tempo da esperança da fé
Carregada, agora, de maturidade
Obtida por uma viragem radical.


É a erupção de Deus na vida,
Sempre por sua iniciativa,
E pedindo uma constante prova de fé.


JAC
10.11.2009

10 de novembro de 2009

Que Deus II!



A diferença que existe entre utopia e a esperança da fé é a mesma que existe entre homem sozinho diante do seu amanhã e o homem que creu no advento de Deus e espera o seu retorno.

Bruno Forte, As quatro noites da salvação.

Que Deus I!





Deus encontra-te onde estás e muda-te o coração e a vida, mudando o mundo à tua volta para que vejas com olhos completamente novos, liberto da tua cegueira.



Bruno Forte, As quatro noites da salvação.

Que Deus!



Ninguém é anónimo diante de Deus:



cada um de nós é um “tu” absolutamente único, singular, objecto de um amor infinito.


Bruno Forte, As quatro noites da salvação.

Semana de Oração pelos Seminários

Palavra incriada e criadora,
Palavra incarnada e reveladora,
Palavra do Pai, salvadora,
Palavra no Espírito Presente,
Palavra que convoca e provoca,
Palavra que chama e envia.



És Tu, Senhor Jesus, a Palavra
definitiva da História;
És Tu, Senhor Jesus, a Palavra
do Pai que se faz ouvir pela força
do Espírito Santo;



És Tu, Senhor Jesus, a Palavra
que toda a humanidade espera.
Faz de nós instrumentos
audazes e fortes
Para que a tua Palavra
se faça ouvir
Na autenticidade do
nosso testemunho,
Na coerência da nossa vida.



Faz de nós mensageiros
fiéis e credíveis
Para que a tua Palavra
seja recebida
Nos corações de tantos jovens
Que querem construir um
mundo melhor,
Que querem colaborar na
edificação do Reino,
Que querem encontrar o seu
lugar na Igreja.



Faz, Senhor, que estejamos
atentos à tua voz
Para que à primeira Palavra
nos levantemos sem demora
E avancemos de imediato
para a missão.



Faz, Senhor, que o nosso
testemunho seja a
nossa oração
Pelos Seminários e
pelos seminaristas
E por todos os jovens a quem
a tua Palavra chama
e envia.



Ámen.

7 de novembro de 2009

Não basta que Te demos muito…




Não basta, Senhor, que Te demos muito.
Não Te basta receberes muito
Porque tu queres tudo!
Tu deste tudo o que tinhas!
E o que eras.


Quem dá o que tem – seja muito ou pouco –
Cai em graça,
Fica agraciado
Porque só Te podemos servir a Ti.


Não podemos servir a dois senhores.
Tu queres que Te sirvamos
Unicamente a Ti.


Nada devemos antepor a Cristo.


Tu queres tudo
– Ainda que seja pouco.
Queres-nos todos inteiros
– Ainda que sejamos frágeis
Não nos queres fragmentados, nem às partes
Mas totalmente dados.


Também Tu te deste todo.


Queres todo o nosso coração,
O nosso entendimento,
A nossa vida,
A nossa pessoa.


A viúva “valia” pouco aos olhos do seu mundo
Mas deu mais que todos os ricos
Porque se deu toda inteira.


Totus tuus.
É o grito que ressalta e ressoa hoje no meu coração.
Porque se quero ser teu
Tenho que me dar sem reservas e por inteiro.
Não posso ser discípulo
Sem seguir e aprender
A atitude da rica pobre viúva:
Renunciar a tudo
Para me entregar e dar só a Ti.


JAC
03.11.09
XXXII Domingo Tempo Comum. Ano B

Este fim-de-semana vou celebrar na Borralha e em Barrô (sábado) e no Préstimo, Macieira e Castanheira (domingo)

6 de novembro de 2009

Maravilhamento

Onde houver maravilhamento haverá abertura à novidade de Deus, à impossível possibilidade seu amor, à esperança.

Bruno Forte, As quatro noites da salvação.

5 de novembro de 2009

Desejo de ver a Deus



Em virtude da tua graça,

O meu único desejo,

O meu desejo ardente, é ver-te.
Que toda a imensidão da terra

Veja a tua salvação, Senhor;

Vendo-a, amo-a: a verdadeira vida é o teu amor!
Neste imenso desejo que me faz vibrar tanto,

Digo a mim mesmo:

Quem pode amar o que não se faz?

Eis porque, Senhor, a Quem desejo ver,

Minh’alma te procura.

Procuro contemplar a tua face.

Suplico-te: não a escondas de mim!
Para merecer ver a tua face claramente,

Caminhar sob a sua luz

E apreciar as suas delícias,
Eu entrego-me, Senhor, sem vacilar,
À vida, à morte.


4 de novembro de 2009

Apresentação às comunidades da UPA: Uma Igreja sem Fronteiras!

É regra comummente aceite do viver em sociedade que quando alguém chega a um determinado local para aí viver – como é o meu caso – se apresente aos que já ali estão.
Ora é alicerçado nesse princípio cívico que me apresento a cada um de vós, agora que chego para trabalhar na Unidade Pastoral de Águeda, ou na feliz abreviatura na UPA.
Faço esta minha simples apresentação com amizade e estima por cada um de vós que aqui se encontra e por todos aqueles que não estando aqui são nossos irmãos, porque filhos de Deus.
Chamo-me José António Carneiro, tenho 28 anos, e sou natural de uma vila da cidade de Guimarães que se chama S. Torcato. Sou diácono e pertenço à Arquidiocese de Braga e ao seu presbitério. Provenho de uma família católica, tenho quatro irmãos e depois de concluir os estudos nos Seminários de Braga e de ser ordenado diácono trabalhei em três paróquias do arciprestado de Vila Nova de Famalicão. Depois disso, estive como jornalista no Jornal Diário do Minho, da Arquidiocese de Braga, ao mesmo tempo que colaborava numa instituição social da Igreja que acolhe rapazes oriundos de famílias disfuncionais e ainda em duas paróquias do arciprestado de Braga.
Venho trabalhar convosco, reacendendo uma antiga colaboração entre as dioceses de Braga e Aveiro, e depois de um feliz entendimento entre os seus bispos, respectivamente D. Jorge Ortiga e D. António Francisco.
Venho porque a Igreja não deve ter fronteiras. Quando me ordenei sabia que o estava a fazer para me entregar de corpo e alma a Cristo e à sua Igreja.
Estou cá para anunciar o Evangelho. Sou cristão como vós, baptizado. Sou diácono da Igreja, ordenado para ser ministro de Cristo a quem quero servir futuramente como presbítero. Sou acima de tudo homem, companheiro de viagem, peregrino, como vós, a caminho do Senhor.
Não está definida a periodicidade desta minha estadia ente vós. Fico enquanto os meus superiores e a Igreja mo pedir, sem ir contra a minha pessoa e os meus princípios. Comprometo-me a dar o melhor de mim em favor de Cristo e da Igreja.
Da vossa parte espero amizade, compreensão e também compromisso nesta mesma missão de anunciar o Evangelho.

Podeis contar comigo porque a partir de hoje conto também convosco. Agradecido a todos.

(texto para ler em todas as paróquias e locais de culto da UPA ao longo dos próximos fins-de-semana)

3 de novembro de 2009

Que eu viva por Ti


Senhor,

Levam-me a ti inteirinho,

Apropria-te de mim, passado a limpo.
Não permitas que nem mesmo

A mais insignificante fibra do meu ser
Seja por ti desconhecida.
Vive somente tu em mim

E faz

Com que eu viva somente para ti.



[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...