16 de julho de 2010



Ser padre é tocar no céu e não estar lá ainda. É viver a eternidade, mas ainda só com a esperança de que ela chegará (...) É amar a todos, mesmo que ninguém o ame.

Padre Anderson Marçal

Carta de um padre. (Vale a pena partilhar).

Hoje li e meditei esta carta que me chegou por email. Encheu-me de coragem e confiança, depois de ter rezado pelas vocações, numa vigília que decorreu na Igreja de Azurém, no arciprestado de Guimarães/Vizela.

"uma arvore que cai, faz mais barulho que uma floresta que cresce".

Segue carta do padre salesiano uruguaio Martín Lasarte, que trabalha em Angola, endereçada ao jornal norte-americano The New York Times. Nela expressa os seus sentimentos diante da onda mediática despertada pelos abusos sexuais de alguns sacerdotes enquanto surpreende o desinteresse que o trabalho de milhares religiosos suscita nos meios de comunicação.

Eis a carta:

6 de Abril de 2010

Querido irmão e irmã jornalista: sou um simples sacerdote católico. Sinto-me orgulhoso e feliz com a minha vocação. Há vinte anos vivo em Angola como missionário. Sinto grande dor pelo profundo mal que pessoas, que deveriam ser sinais do amor de Deus, sejam um punhal na vida de inocentes. Não há palavras que justifiquem estes actos. Não há dúvida de que a Igreja só pode estar do lado dos mais frágeis, dos mais indefesos. Portanto, todas as medidas que sejam tomadas para a protecção e prevenção da dignidade das crianças será sempre uma prioridade absoluta.
Vejo em muitos meios de informação, sobretudo em vosso jornal, a ampliação do tema de forma excitante, investigando detalhadamente a vida de algum sacerdote pedófilo. Assim aparece um de uma cidade dos Estados Unidos, da década de 70, outro na Austrália dos anos 80 e assim por diante, outros casos mais recentes...
Certamente, tudo condenável! Algumas matérias jornalísticas são ponderadas e equilibradas, outras exageradas, cheias de preconceitos e até ódio.
É curiosa a pouca notícia e desinteresse por milhares de sacerdotes que consomem a sua vida no serviço de milhões de crianças, de adolescentes e dos mais desfavorecidos pelos quatro cantos do mundo!
Penso que ao vosso meio de informação não interessa que eu precisei transportar, por caminhos minados, em 2002, muitas crianças desnutridas de Cangumbe a Lwena (Angola), pois nem o governo se dispunha a isso e as ONGs não estavam autorizadas; que tive que enterrar dezenas de pequenos mortos entre os deslocados de guerra e os que retornaram; que tenhamos salvo a vida de milhares de pessoas no Moxico com apenas um único posto médico em 90.000 km2, assim como com a distribuição de alimentos e sementes; que tenhamos dado a oportunidade de educação nestes 10 anos e escolas para mais de 110.000 crianças...
Não é do interesse que, com outros sacerdotes, tivemos que socorrer a crise humanitária de cerca de 15.000 pessoas nos aquartelamentos da guerrilha, depois de sua rendição, porque os alimentos do Governo e da ONU não estavam chegando ao seu destino.
Não é notícia que um sacerdote de 75 anos, o padre Roberto, percorra, à noite, a cidade de Luanda curando os meninos de rua, levando-os a uma casa de acolhimento, para que se desintoxiquem da gasolina, que alfabetize centenas de presos; que outros sacerdotes, como o padre Stefano, tenham casas de passagem para os menores que sofrem maus tratos e até violências e que procuram um refúgio.
Tampouco que Frei Maiato com seus 80 anos, passe casa por casa confortando os doentes e desesperados.
Não é notícia que mais de 60.000 dos 400.000 sacerdotes e religiosos tenham deixado sua terra natal e sua família para servir os seus irmãos em um leprosário, em hospitais, campos de refugiados, orfanatos para crianças acusadas de feiticeiros ou órfãos de pais que morreram de Aids, em escolas para os mais pobres, em centros de formação profissional, em centros de atenção a seropositivos... ou, sobretudo, em paróquias e missões dando motivações às pessoas para viver e amar.
Não é notícia que meu amigo, o padre Marcos Aurelio, por salvar jovens durante a guerra de Angola, os tenha transportado de Kalulo a Dondo, e ao voltar à sua missão tenha sido metralhado no caminho; que o irmão Francisco, com cinco senhoras catequistas, tenham morrido em um acidente na estrada quando iam prestar ajuda nas áreas rurais mais recônditas; que dezenas de missionários em Angola tenham morrido de uma simples malária por falta de atendimento médico; que outros tenham saltado pelos ares por causa de uma mina, ao visitarem o seu pessoal. No cemitério de Kalulo estão os túmulos dos primeiros sacerdotes que chegaram à região... Nenhum passa dos 40 anos.
Não é notícia acompanhar a vida de um Sacerdote “normal” em seu dia a dia, em suas dificuldades e alegrias consumindo sem barulho a sua vida a favor da comunidade que serve. A verdade é que não procuramos ser notícia, mas simplesmente levar a Boa-Notícia, essa notícia que sem estardalhaço começou na noite da Páscoa. Uma árvore que cai faz mais barulho do que uma floresta que cresce.
Não pretendo fazer uma apologia da Igreja e dos sacerdotes. O sacerdote não é nem um herói nem um neurótico. É um homem simples, que com sua humanidade busca seguir Jesus e servir os seus irmãos. Há misérias, pobrezas e fragilidades como em cada ser humano; e também beleza e bondade como em cada criatura...
Insistir de forma obsessiva e perseguidora em um tema perdendo a visão de conjunto cria verdadeiramente caricaturas ofensivas do sacerdócio católico na qual me sinto ofendido.
Só lhe peço, amigo jornalista, que busque a Verdade, o Bem e a Beleza. Isso o fará nobre em sua profissão.
Em Cristo,

Pe. Martín Lasarte, SDB.

12 de julho de 2010

Sacerdote

Um sacerdote deve ser simultaneamente pequeno e
grande, nobre de espírito, como de sangue real,
simples e natural, como de raiz camponesa,
um herói na conquista de si mesmo, um
homem que se bateu com Deus, uma
fonte de santificação, um pecador
a quem Deus perdoou, dos seus
desejos o soberano, um
servidor para os
tímidos e os
fracos,

que não
se baixa diante
dos poderosos
mas que

se curva
diante dos pobres,
discípulo do seu
Senhor,

chefe do
seu rebanho,
um mendigo de
mãos totalmente
abertas, um portador
de inúmeros dons, um
homem no campo de batalha,
uma mãe para confortar os doentes,
com a sabedoria da idade e a confiança
duma criança em direcção ao alto, os pés na terra,
feito para a alegria, perito no sofrimento, isento de qualquer
inveja, com perspectivas largas, que fala com franqueza, um amigo
da paz, um inimigo da inércia, fiel para sempre… Tão diferente de mim!

"Guiai-me pela mão"


Deus de infinito amor,
Vós que marcais o ritmo do tempo,
chamais as criaturas à vida e lhes dais nome,
em Vós se quebra toda a monotonia.

Nada há que não conheçais em mim:
«De manhã quando me levanto Vós lá estais,
e quando me deito Vós permaneceis comigo».

Mostrai-me a luz dos Vossos caminhos,
conduzi-me ao ritmo da Palavra,
qual perfume de alabastro,
que me enche com o odor da coragem
e da confiança.

Guiai-me pela mão,
Levai-me a ver
a aurora do novo sol,
para que seja luz da Vossa luz,
neste mundo sem rumo.

Inflamai-me com o Espírito da Verdade,
para que sem ver acredite,
confie e espere em Vós,
meu Deus, e Senhor. Ámen.

Oração da Vigília pelas Ordenações Sacerdotais da Arquidiocese de Braga e pelas Vocações

10 de julho de 2010

Vigília em Guimarães

OLá a todos





A vigília de Oração de preparação das Ordenações Sacerdotais da Arquidiocese de Braga, no Arciprestado de Guimarães/Vizela, vai ter lugar na IGREJA DE AZURÉM, dia 15 de Julho, pelas 21h30.



Vamos rezar pelas vocações. Apareçam! E passem a notícia.

2 de julho de 2010

Retiro - tempo de Graça

Olá a todos

O Retiro para a Ordenação Sacerdotal foi verdadeiramente tempo de Graça. Partilharei mais tarde alguns escritos que fiz nestes dias...
Por agora fico-me por uma das grandes conclusões que tirei:

O Sacerdócio é um dom que por muito pedido que seja, por muito rezado que seja é sempre um presente de Deus.

Partilho também a foto de família do Retiro. E apresento (da esquerda para a direita: Marc Monteiro, de Guimarães, Jorge Carneiro, de Famalicão, João Paulo, de Vila Verde, Pe. Carlos Carneiro, sj, orientador do retiro, eu e o Paulo Sá, de Esposende).

Ah, na página da diocese de Braga (http://www.diocese-braga.pt/) está informação sobre as Ordenações Diocesanas. Está também a Vigília e demais material que prepararmos e que faremos em Águeda no dia 8 de Julho, e em Braga no dia 15.

Livres para levar à sociedade actual Jesus Cristo-Nota Pastoral do Bispo de Aveiro sobre as ordenações presbiterais




1. Decorre nestes dias, na Casa Diocesana, o segundo turno de Retiro Espiritual dos sacerdotes da Diocese. Inspira-se este Retiro no espírito do Ano Sacerdotal que o Santo Padre Bento XVI nos convidou a viver desde Junho de 2009 a Junho de 2010, em datas balizadas pela solenidade do Sagrado Coração de Jesus.

Na Carta de Abertura do Ano Sacerdotal, o Santo Padre lembrava as palavras do Cura d’Ars, ao afirmar: “Um bom pastor, um pastor segundo o coração de Deus, é o maior tesouro que o bom Deus pode conceder a uma paróquia e um dos dons mais preciosos da misericórdia divina”.

Quando, no passado mês de Maio, Bento XVI visitou Portugal, ao falar na Igreja da Santíssima Trindade, em Fátima, aos sacerdotes e seminaristas recordava-nos que a Bem-aventurada Virgem Maria nos guia e acompanha no caminho de fidelidade para sermos “livres e santos, para que em cada um de nós cresça Cristo, o verdadeiro consagrado do Pai e o Pastor ao qual os sacerdotes emprestam voz e gestos e de Quem são presença; livres para levar à sociedade actual Jesus Cristo morto e ressuscitado”.

Passado que foi o Ano sacerdotal, surge agora o tempo novo para continuar a aprofundar o dom e a beleza do sacerdócio apostólico, sacramento do amor redentor de Jesus Cristo, no meio deste Povo Sacerdotal que é a Igreja.

2. É neste espírito de radicalidade e de fidelidade renovadas que a graça do Ano Sacerdotal trouxe e confiou à sua Igreja que vos anuncio com grande alegria a ordenação presbiteral do diácono José Carlos da Silva Lopes, no próximo dia 11 de Julho, na Sé de Aveiro, às 16 horas, e do diácono José António Carneiro no dia 18 do mesmo mês, na Basílica do Sameiro, em Braga, às 15,30 horas.

O diácono José Carlos é natural da paróquia de S. Tiago de Ribeira de Fráguas, no Arciprestado de Albergaria-a-Velha, e será a partir da ordenação membro do Presbitério de Aveiro. O diácono José António é natural da paróquia de São Torcato, no Arciprestado de Guimarães, da Arquidiocese de Braga, onde está incardinado, tendo realizado o estágio pastoral na nossa Diocese e continuando aqui como presbítero no próximo ano.

Convido a Diocese a acompanhar com oração confiante, com afecto fraterno e com expressiva presença na Celebração de Ordenação estes nossos irmãos, que constituem um dom abençoado de Deus à Igreja de Aveiro.

Quero manifestar às suas famílias, comunidades e Seminários a gratidão de toda a Igreja Diocesana. Foram muitos, aqueles que Deus colocou no seu caminho e fez seus mediadores na hora do chamamento e no percurso de crescimento na fé, na vocação, no discernimento e na decisão destes jovens que se aproximam com alegria do ministério sacerdotal. Que Deus a todos recompense e dê à sua Igreja o dom da confiança e a certeza da fé que nos dizem que o testemunho dos sacerdotes suscita novas vocações no coração generoso de tantos jovens a quem Jesus continua a dizer: “Vem. Segue-me” (Mc 2, 14).

3.Em tempo de ordenações de novos presbíteros, tem mais sentido fazer das palavras e dos sentimentos com que o Santo Padre Bento XVI se dirigiu aos sacerdotes e consagrados (as), a voz e a gratidão de toda a Igreja: “A todos vós que doastes a vida a Cristo, desejo exprimir o apreço e o reconhecimento eclesial. Obrigado pelo vosso testemunho muitas vezes silencioso e nada fácil, obrigado pela vossa fidelidade ao Evangelho e à Igreja”.

Os primeiros discípulos perguntaram a Jesus: «Mestre, onde moras? «Vinde ver» (Jo 1,39), disse-lhes Jesus. E os discípulos viram e permaneceram.

Que também hoje os jovens, que querem ser discípulos e apóstolos de Cristo, encontrem e vejam a morada do Mestre, que é Jesus, no rosto, no coração e no testemunho de quantos decidem ser padres!

Aveiro, 29 de Junho de 2010, Solenidade de S. Pedro e S. Paulo, Apóstolos.

D. António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...