27 de maio de 2011

Rasgar páginas de manuais desactualizados

São frequentes, em demasia até, as acusações e críticas vindas de tantos lados a uma Igreja Católica que permanece fechada, não cativante, não acolhedora, sem lugar para as pessoas, incapaz de mostrar um rosto alegra, um rosto mais de Domingo de Páscoa do que de Sexta-Feira Santa. (Ainda que ambos se precisem mutuamente).
Há lamentos – uns com sentido, outros nem tanto – muitos até de cristãos que celebram missa dominical (lamentos que dariam volumes de livros da Lamentações), queixando-se que agora os jovens não vão à Igreja, não estão dispostos a ajudar em nada. Acusam-nos de estarem inactivos, desactivados, acomodados, perdidos navegando na internet, encontrando-se e “amigando-se” nas redes sosicias, com os fones do MP3 ou MP4 metidos nos ouvidos, indiferentes ao que acontece à volta.

Eu gosto de me convencer (e estou!) de que as coisas não são tão “quadradas” quanto isso. Claro que também estou convencido de que já não estamos na Cristandade, que o Crsitianismo é Proposta, nunca imposição! Gosto desta ideia, que não é leviana nem desresponsabilizadora.

Creio, com Timothy Radcliffe, que a Igreja Católica nada terá a dizer aos jovens se não estiver empenhada e comprometida em caminhar com eles, e não só fisicamente.
Creio, claro está, que não basta esperar que eles apareçam à sacristia! Mas, creio que se aparecerem merecem ser acolhidos, bem tratados, queridos.

Creio que há um movimento de dentro para fora que precisamos todos de fazer. Em relação a toda a sociedade e especialmente em relação aos jovens.
As propostas de hoje são tentadoras.
A proposta “Jesus Cristo” também tem que ser.
É preciso rasgar horizontes e até rasgar páginas de “manuais” desactualizados.
É preciso sair e ir ao encontro!

25 de maio de 2011

O "Milagre" do Sol. Movidos de entusiasmo

Este ano, a peregrinação era para dar graças ao Senhor pela beatificação de João Paulo II, o Papa de Fátima.

Mais de 200 mil peregrinos (diz a GNR), 288 padres e 23 Bispos, para além de muitos grupos organizados, vindos de 24 países.

Presidiu o cardeal Sean O’Malley, Arcebispo de Boston (USA), franciscano capuchinho, de 66 anos.
Destaco alguns «halos» à volta da sua homilia:

No noite do dia 12:
- A mensagem de Fátima é crucial num mundo abalado pela violência, e onde a morte de Bin Laden lembra o confronto entre o ocidente cristão e os expoentes radicais do islão.
- Maria vai ajudar a fazer a ponte entre cristianismo e islão.
- O holocausto, a bomba atómica, as duas guerras mundiais, o aborto e a eutanásia legalizados, a par do nascimento do comunismo, nazismo e fascismo, fizeram do século XX o mais sangrento da história.

No dia 13:
- João Paulo II sobreviveu ao atentando de 1981, no Vaticano, para ser instrumento de Deus para derrubar a Cortina de Ferro e para que acabasse a opressão política do comunismo no mundo,

- No nosso mundo, muitas vezes a multidão afasta as pessoas de Deus,  impede-as de aproximarem. A pressão do grupo, a opinião pública, a cultura materialista da morte que nos envolvem… afastam muitas vezes as pessoas de Deus.
 - Assim como a multidão afasta as pessoas de Deus, a comunidade de fés, a família dos discípulos  aproxima as pessoas de Deus, ajudando a ultrapassar os obstáculos que se interpõem no caminho.

-  Hoje, como noutros tempos, os pais enfrentam terríveis ameaças contra os seus filhos, por parte dos que lhes querem vender droga, dos média que fazem do sexo livre algo de desejável, dos materialistas e ateus que lhes dizem que vivemos só de pão… Quantos tentam matar espiritualmente as nossas crianças!
- O cardeal referiu-se ainda aos “incontáveis deslocados, aos sem-abrigo embrulhados nos vãos das portas e dormindo sobre as grelhas do metro e aos 27 milhões de refugiados que vagueiam pela terra nos dias de hoje".

Muitas emoção, muitas palmas...
E mais algumas curiosidades para a longa lista do número 13, que circula por aí, relacionada com João Paulo II.
Neste dia 13 de Maio, 13 dias depois da beatificação de João Paulo II, o Papa de Fátima, coincidindo com a apresentação do vídeo de 13 minutos «Todo Teu, todo nosso». aconteceu o «milagre»:
à volta do Sol forma-se um anel de luz, qual arco-íris... Fenómeno natural (o YouTube está cheio de vídeos desse fenómeno). Mas... a coincidência. o entusiasmo levaram a gritar: Milagre!

Notícia desenvolvida pela TV FATIMA:
http://www.tvfatima.com/portal/index.php?id=1906

A notícia na SIC, que até se esqueceu de apresentar imagens do Sol.
http://sicnoticias.sapo.pt/vida/2011/05/13/20110513_fatima.mpg


Texto partilhado por frei Acílio Mendes

20 de maio de 2011

DAR TESTEMUNHO


         Uma vez, chegou um missionário a uma aldeia indígena. Os habitantes receberam-no com todas as atenções e dispuseram-se a escutá-lo. Disse-lhes:
         - Trago-vos uma Boa Nova, a notícia de um deus que é Pai. Ele ama muito a todos e a cada um de nós. Deseja que vivamos como autênticos irmãos, amando-nos e ajudando-nos uns aos outros.
         Todos continuavam em silêncio. O missionário continuou:
         - Esta notícia do amor de Deus foi-nos comunicada pelo seu Filho Jesus Cristo. Ele passou pelo mundo fazendo o bem, amando e dando a vida por todos nós.
         O missionário, depois de alguns momentos de silêncio, perguntou:
         - Quereis aceitar esta Notícia do amor de Deus por cada um de nós?
         Foi então que o chefe da povoação respondeu em nome de todos:
          - Fique connosco uns dias e, se viver verdadeiramente o que nos quer ensinar, então voltaremos a escutá-lo.
         O missionário entendeu a lição. Teria de entrar nas suas palhotas, vestir-se com a sua roupa, sentar-se à sua mesa, ajudá-los nas suas tarefas, curar os doentes, comer dos seus alimentos, estar com eles na alegria e na tristeza, na angústia e na esperança, ser um irmão entre irmãos. Percebeu que tinha de fazer como Jesus Cristo, incarnando no meio desse povo.
         E assim fez. Quando as pessoas o viram a amar de todo o coração e a servir com todas as forças, começaram a acreditar que Deus é Amor e a todos ama.

Autor desconhecido
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18 de maio de 2011

Enquanto estamos inquietos, podemos estar tranquilos!


O Tempo Pascal, na Igreja, é uma grande e solene aclamação e uma bela profissão de fé. É por isso que ele se estende por 50 dias do ano, até à Festa do Pentecostes.
A liturgia é também pedagogia: semana após semana vai-nos educando o coração e a mente, para irmos sentindo a presença de Jesus, no seu modo diferente de estar, porque Vivo e Ressuscitado.
Ao nível da fé cristã, nós não podemos nunca ficar de consciência tranquila. Precisamos sempre de estar inquietos, porque “enquanto estanos inquietos, podemos estar tranquilos”. É como quem diz: o caminho não está terminado, “o caminho faz-se caminhando”.
A caminhar desafia-nos, exactamente, o Evangelho do III Domingo da Páscoa, do Ano A, que celebramos no passado domingo. O relato evangélico de Emaús, exclusivo de Lucas, obriga-nos a fazer aquela que pode ser considerada a mais bela viagem de doze quilómetros de toda a Escritura, entre Jerusalém e Emaús.
É fácil de ver que se trata muito mais de uma viagem intransitiva, de uma viagem interior, uma viagem no coração, uma viagem espiritual (título de um belo livro de Nicholas Sparks e Billy Mills).
Dois homens que, desiludidos, desencantados, talvez desesperados, fazem a viagem de ida, regressando às suas vidas rotineiras, depois de todos os sonhos ficarem desfeitos e mortos aos pés de uma cruz, no Monte Calvário.
O cenário começa a mudar quando chega a esta viagem um terceiro viajante. Depressa ficamos a saber que se trata de Jesus. Ele, que sempre se mete connosco, que faz caminho connosco, que se faz de convidado para o nosso caminho, mas não se faz de convidado para a nossa casa.
Com a conversa, à qual preside o terceiro viandante – conversa onde se abre o coração, onde se expressa a tristeza, onde se escuta a Palavra, desde Moisés até aos Profetas –, parece mesmo que o caminho se encurtou. E Emaús está à vista.
Jesus “finta” aqueles dois caminhantes. Faz menção de seguir, embora Ele não queira seguir. Aqui Ele tem que ser convidado a entrar. Ele provoca o convite que é uma bela oração: “Ficai connosco!”. Claro que Ele fica, entra e faz o que sempre fez: toma o pão, abençoa-o, parte-o e distribui-o. Esta é a vida de Jesus dita em gesto, dada e repartida. É assim que Ele vive. É assim que O reconhecemos. É assim que O anunciamos!
Nas paredes daquilo que se crê ser o local onde Jesus esteve com os dois discípulos de Emaús pode ler-se esta inscrição: «Todos os dias/ Te encontramos/ no caminho./ Mas muitos reconhecer-Te-ão/ apenas/ quando/ repartires connosco/ o Teu pão./ Quem sabe?/ Talvez/ no último entardecer».
Thomas S. Eliot, poeta inglês, faz esta evovação da cena: «Quem é o terceiro, que vai sempre ao teu lado? Se me ponho a contar, juntos vamos apenas eu e tu. Porém, se olho à minha frente sobre a estrada branca, vejo sempre outro que caminha ao teu lado. Quem é esse que vai sempre do outro lado?».
Ele vai sempre a nosso lado, e quer sempre entrar em nossa casa. E nós? Queremos que Ele esteja no caminho e em nós? Estamos inquietos? Ou acomodados?

Publicado no Mais Luz-Jornal da Paróquia de Águeda
com a devida vénia a D. António Couto, onde me baseio
Pe. JAC

12 de maio de 2011

Resto de Israel

Para ser o resto de Israel
é necessário descer montanhas,
segurar a manhã com a mão
e molhar o chão com o suor
do próprio corpo.

Para ser o resto de Israel
é preciso não temer,
não ter mais nada a perder,
cultivar solitário a última figueira
e dela esperar um único fruto.

Para ser o resto de Israel
é preciso e navegar nas lágrimas da última quimera desfeita,
é ter certeza que a mão que afaga jamais apedrejará.
É atender o pobre, é cuidar do ferido,
é servir a mesa do indigente, da viúva e do órfão,
e sempre que tiver feito tudo ao seu alcance,
sentir-se como um servo inútil.
(Fiz o que tinha a fazer.
Não sou o maior por causa disso.
Não me vanglorio.
Não atiro os “foguetes” e faço a festa da minha promoção!)

O resto de Israel
é como a última semente, na terra ressequida,
esperando uma gota de chuva.
É como a arca do ancião que
navegou em águas tenebrosas e
viu a criação ser quase toda
destruída e mesmo assim jamais
perder a esperança, pois ela mesma
é a esperança.

Ser o resto de Israel
é "brigar" com Deus para subir a
escada que leva ao paraíso e não
conseguindo vencer Deus, sair
ferido na coxa para sempre, e
mesmo assim não desistir.

O resto de Israel trás dentro de si a
certeza de Abraão e a liturgia de
Melquisedec.
Carrega consigo a
ternura de Maria e o medo dos
discípulos.
Tudo espera, tudo crê,
tudo conforta.
É amável, humilde e
puro. É terra e é água.
Não se assombra com dificuldades,
não teme o futuro, não se desola mais.
É a última semente da Terra.
Nela Deus vai colocar seu sopro.
Para ser o resto de Israel é preciso amar...


encontrei, li e adaptei um nadinha:
http://www.igrejanova.jor.br/Edmarabr04.pdf

7 de maio de 2011

Diante da luz me arrependo

Diante de Ti, Senhor,
Que és a luz
Coloco as minhas trevas
Para que possa iluminá-las.

Só diante de Ti que és a luz
Vejo a minha fraqueza e pequenez.

Só diante de Ti
Reconheço as minhas divisões
E as desuniões que produzo.

Mas, Tu não estás dividido!

Por isso, me arrependo
Escutando o Teu desafio.
Por isso, me abro à novidade
Do Reino que inauguras
E que és Tu mesmo,
Como Palavra doada e dada pelo Pai.

Pe. JAC

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...