28 de setembro de 2013

O pobre é Deus caído! Poema no XXVI domingo comum





Quando as roupas são chagas
e a comida são migalhas...
Quando a companhia mais próxima
é um cão a latir...
Quando o pobre tem nome de amigo,
Lázaro, isto é, Deus ajuda:
O céu já começa aqui.

Quando os trajes são de luxo
vestidos feitos de púrpura e linho...
Quando um rico não tem nome
nem acode a quem tem fome...
O inferno só será
a sequência de más escolhas.

Quando a indiferença fala mais alto
e não diz nada...
Quando os olhos não vislumbram
os milagres da vida em cada dia...
Quando os ouvidos não ouvem
os profetas desta hora:
É Deus Quem jaz caído, esfomeado e esquecido.

Porque o maior mal que se faz
é deixar de fazer todo o bem.


Pe. JAC

21 de setembro de 2013

Servir um só Senhor!




Uma advertência prévia: Qualquer semelhança na parábola do evangelho que ouvimos contar com a realidade que nos assalta cada dia pela televisão é pura coincidência. Esta parábola – de um administrador “acusado” de corrupção – é contada não para que sigamos a sua desonestidade, mas para que aprendamos a sua astúcia, esperteza, sagacidade e persistência diante das contrariedades de uma difícil conjuntura. E bem que precisamos de tudo isto e ainda da prudência, que é a virtude que nos faz conseguir o que desejamos evitando todos os perigos.
Uma segunda advertência: Ser rico, ter bens materiais não é pecado. Ser avarento, apegado aos bens, insensível às dificuldades dos demais é que é pecado, porque é infidelidade a Deus e aos irmãos. Portanto, o que está em causa é apenas e só a relação que estabelecemos com os bens materiais, que são meios e nunca podem ser fins, que nos dão condições para viver dignamente, mas nunca serão penhor de vida eterna.
Terceira advertência: Podemos pensar que neste tempo de crise económica, por causa da falta de dinheiro que sentimos no bolso, nos parece mais fácil e até menos actual e urgente ouvir Jesus dizer-nos: “não podeis servir a dois senhores”. Mas, não relaxemos. Bem sabemos, por experiência e por constatação, que nem sempre é assim… Porque sempre corremos o risco de fazer altares aos bens materiais e ao dinheiro. E, tal como diz o Papa Francisco, na sua primeira grande entrevista, (e não só porque ele o diz, porque bem o sei!): “Sou um pecador. E isto não é um modo de dizer, ou um género literário. Sou mesmo um pecador”!



Pe. JAC

Liberdade para amar. Poema no XXV domingo comum




Sentamo-nos aos pés de Jesus
Para que O possamos escutar
Mesmo sem tudo entender
Dele aprendemos a amar.

Fala-nos com aparente dureza
Para nos fixar o coração na beleza
De servir fielmente um só Senhor:
Ele não impõe a perfeição...
Desafia-nos à esperteza!
Não exige não errar,
E pede para confiar
Naquele que pode dar Vida sem fim
Naquele que pode nos salvar!

Assim é o Amor simples, livre e verdadeiro
Que não negoceia com o dinheiro;
Que me faz mais desprendido
A viver uma vida com sentido.
Assim é o amor inteiro:
Existe só por si,
Só por ti.
Por Ele, arrisca viver,
Servir, amar e ser...



Pe. JAC

15 de setembro de 2013

Um Deus que faz festa e que dança!





Absolutamente surpreendente este capítulo 15 do evangelho lucano que bem pode figurar entre as mais belas páginas da Literatura.
A parábola chamada do “Filho Pródigo” mostra-nos um Pai (Deus) excepcionalmente maravilhoso e bom que faz festa e que até dança (Nietzsche não O encontrou!), um filho mais novo que “mata” o pai, ao pedir-lhe a parte da herança que lhe diz respeito e que retorna a casa esfomeado e, ainda, um filho mais velho, “birrento”, igualzinho aos fariseus que, em bom rigor, não se sente filho, mas escravo, um cumpridor escrupuloso de leis e ordens.
Esta parábola de misericórdia, contada para os fariseus e escribas que, escandalizados, criticam Jesus por acolher os pecadores, entra de rompante na nossa vida e deve fazer-nos pensar… Porque é exactamente do lado dos fariseus e dos escribas, escandalizados e críticos, que nos temos de colocar a ouvir as palavras de Jesus.
Atenção redobrada, por isso, ao fecho da parábola, que termina sem nos dizer se o filho mais velho entrou ou não na “dança de roda” daquele banquete festivo. Um final estratégico, porque a história é contada para nós e é a nós que compete essa decisão!
É bem interessante, igualmente, ver como os dois filhos falam ao seu pai comum, tal como fazemos em cada Páscoa semanal. Mas em nenhum momento da história contada eles se falam um ao outro. Se calhar, tantas vezes, como nós que falamos entre raivas e insultos. E também aqui esta história põe a descoberto a nossa vida.
A parábola sugere ainda que tanto nos perdemos lá longe, no deserto, como o filho mais novo, como nos perdemos em casa, como o filho mais velho. Então, muita atenção: podemos andar perdidos e desnorteados na nossa casa árida e fria, sem o calor do afecto, sem pai e sem irmãos, sem lareira e sem mesa, sem perdão e sem alegria! Todos os cuidados, portanto!



in diálogo 1392 (Domingo XXIV do Tempo Comum – Ano C)



Pe. JAC

14 de setembro de 2013

Gestos de perdão. Poema no XXIV domingo comum





O amor incondicional,
é a essência de Deus e a sua inteireza,
imensidão de ternura e de beleza
ilógica, desmedida, irracional.

Sair à procura da ovelha perdida
com o rebanho à espera à frente
não é ser louco, é ser diferente,
é ter o amor como lema de vida.

O amor cresce na doação
supera a tristeza com a alegria.
Do bom pai aprendemos a mestria
de ser acolhedor, compassivo, perdão.

É possível amar assim!
Percorrer o mundo até ao fim,
partir e voltar,
cair e levantar,
tudo fazer para encontrar
a ovelha que tresmalhou,
e a moeda que se perdeu,
acolher o filho que voltou
e festejar, cantar e dançar
pelo imenso gesto de perdoar.



Pe. JAC

7 de setembro de 2013

Ainda pode ser maior!? Poema no XXIII domingo comum




Ser discípulo é ser diferente,
Dotado de uma coragem exigente,
Para seguir Jesus de verdade,
Sempre fiel à radicalidade.

É pegar, sem medo, na Cruz
E caminhar com(o) Jesus.
Fazer planos,
Calcular sonhos...
E, (in)seguro, ser capaz,
De partir e deixar tudo para trás.

Agora, sem mais, dou por mim a pensar:
Serei eu capaz de amar?
Pegar na Cruz e partir?
Dizer "sim" ao Mestre e seguir?

É grande a radicalidade da missão e do amor,
Mas uma coisa é certa:
Ainda pode ser maior!?



Pe. JAC

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...