22 de fevereiro de 2014

Amar só por amar! Poema no VII domingo comum

 

O desafio de Jesus 
Tem tanto de difícil
Como de irracional.
É tão concreto e tão anormal:
Ser irmão...
Ser bom...
Ser correcto...
Em tudo amar, sem medida e sem fronteiras,
Ser margens e sem barreiras,
Porque o amor não pode ser enjaulado!

Apesar de doer... oferecer!
Apesar de parecer demais... dar!
Apesar de exigir... partir!
Para além de tudo, apenas amar!

Precisamos de nos atrever
Tão somente a amar.
Amar a quem faz sorrir,
Amar a quem faz sofrer e chorar,
Amar só por amar!
 
P. JAC 

Incompreensível orfandade!

(A propósito da nomeação de D. António Francisco para a Diocese do Porto)



A maior dificuldade da vida, para mim, está em compreender, em cada tempo e cada hora, a vontade de Deus para nós, assumindo-a como projecto de vida, capaz de felicidade e de realização. Mas... E quando essa vontade de Deus - ou os seus desígnios - se afiguram incompreensíveis? Que fazer diante da incompreensibilidade das coisas?

É este sentimento, "não-sei-bem-qual", que se abate sobre mim, agora que se tornou pública a nomeação de D. António Francisco dos Santos, para bispo da diocese do Porto. Incompreensibilidade, desnorte, orfandade... Mas quero acreditar, mesmo sem compreender, que é essa a vontade de Deus.




Sim. D. António Francisco dos Santos é também meu bispo. Sou padre da Arquidiocese de Braga, ordenado em 2010, pelo meu Arcebispo, D. Jorge Ortiga. Mas D. António Francisco é também meu bispo. Foi-o como auxiliar de Braga, onde o conheci, ainda eu seminarista, e onde se formou e cresceu uma grande amizade e proximidade. Aqui mesmo se radica também parte da minha vinda para a diocese de Aveiro, ainda como diácono, em 2009. E em Aveiro, durante estes mais de quatro anos, foi para mim bispo, irmão, pai, amigo!

Sim. Aveiro é também minha diocese. Desde o princípio até hoje, como terra abençoada e amada, porção do Povo de Deus, que me acolheu/acolhe de mãos abertas, onde me sinto irmão e companheiro de caminho de tantos e tantos. Aqui procurei desde o princípio, como hoje, ser transparência de Deus e do seu amor por todos, mesmo sem o conseguir, tantas vezes...

Pode até ser egoísmo da minha parte, mas é com um misto de surpresa, admiração - estupor, diria o professor Costa Santos - e também tristeza que recebo notícia desta nomeação. E deixa-me sobretudo interiormente agastado e com muitas interrogações, que enviei a quem de direito, interrogações essas que resultam da minha incapacidade de compreender o incompreensível... (Como disse a alguém, tivesse eu o número do Papa Francisco, que não me faltaria a ousadia respeitosa e a caridade fraterna de telefonar, sem esperar o contrário...)

Sei que a Igreja não é uma democracia. Sim, mas ela não é Povo de Deus? Onde está a participação do Povo de Deus numa decisão desta envergadura, nesta "dança" de bispos de umas dioceses para as outras?

Então, a Igreja não deve, hoje mais que nunca, acordada e abanada pelo Papa Francisco, estar atenta às periferias? Onde está esta atenção nesta nomeação? Porque é que para se fazer bem a uns, outros têm que ficar mal e engolir? Porque é que se dá a entender que os bispos de dioceses mais pequenas em número de população estão numa espécie de estágio pastoral-episcopal para serem depois nomeados para dioceses mais populosas? Haverá progressão de carreira ou promoção episcopal?
Porque é que se fazem bispos auxiliares para serem eternamente auxiliares?

Sim, o Porto precisava de um bispo titular, bem sei. Mas para isso é preciso que Aveiro fique sem bispo? Ainda mais quando a diocese está envolvida e empenhada, com o seu bispo como Pastor e Pai que vai à frente, num processo de renovação, reorganização e reforma das suas estruturas, como, aliás, pediu o próprio Papa Francisco, na mensagem assinada pelo Secretário de Estado do Vaticano, que o senhor núncio apostólico leu no dia 11 de Dezembro passado, em plena Sé de Aveiro, na presença de cerca de vinte bispos portugueses, duas centenas de padres e diáconos e centenas de cristãos leigos, quando se celebravam os 75 anos da restauração da diocese? Seria este "caminho de reforma" que se pedia nessa mensagem?

Outras perguntas se me levantam, mesmo que puramente especulativas: porque é que uns podem dizer que não e outros não o podem dizer, em nome da obediência ao Santo Padre? Porque é que uns ficam até aos centenários e outros não podem terminar um processo de renovação que ainda vai no princípio?

Se não for antes, a Eternidade dará e trará as suas respostas... E eu também queria acreditar que as reformas de Francisco, até nas mudanças operadas na Congregação dos Bispos, eram um sinal de esperança para a Igreja...

Estou triste. Sinto-me órfão.
D. António Francisco, rezo por si.





Pe. JAC

15 de fevereiro de 2014

Amar é dizer "tu não morrerás". Poema no VI domingo comum




Para que a lei tenha valor
E seja respeitada com rigor,
Experienciada com temor,
Deve ser vivida como Amor.

Porque amar é dizer:
"Tu não morrerás!"
E nós tantas vezes matamos
Só porque não amamos.

Regressar à pessoa, sempre à pessoa,
Eis Jesus a encher de vida a antiga lei.
Se tu não estás bem com o teu irmão
Como pode estar tranquilo o teu coração?!

Subamos às alturas do monte
Para escutar do Mestre da Vida,
A palavra que faz construir ponte
Com a vida toda, com toda a vida.

No alto do monte não viveremos
A não ser na presença do Senhor.
Desçamos aos caminhos lamacentos
Para os encher de um amor maior.



Pe. JAC

8 de fevereiro de 2014

Não guardes o sal nem a luz! Poemas no V domingo comum




Não guardes o sal nem a luz!

Insípida a missão
De quem esquecer a razão
De ser sal e de ser luz.

Como a comida sem sabor,
Uma vida sem amor
Não é seguimento de Jesus.

Ser! Eis do Mestre a confiança
Que olha cada um com esperança
De ser vida com sentido.

Não guardes o sal no teu saleiro,
Ousa ser luz refulgente, qual candeeiro,
No rincão mais sujo, mais escuro e mais perdido.


Em ti brilha a luz!

Tem um sabor especial
Ser capaz de viver de Amor.
É como ser da terra o sal
Por ser discípulo do Senhor.

E ser rosto de Deus
É viver com a missão de amar,
É ser do mundo a luz.
Para a todos iluminar.

Tens tudo para ser discípulo de Jesus!
Em ti brilha aquela luz
Que reflecte o amor.
Tens do sal a força e o sabor
Que te tornam diferente.
Arrisca! Sente
Em ti vive a Vida
A partilhar e ser vivida.


Pe. JAC

2 de fevereiro de 2014

Apresentação do Senhor. Dois poemas




Festa do Encontro

Festa do Encontro,
De Deus com o Povo da Gratidão,
Da Sagrada Família
Com Ana e com Simeão,

Assim é a Festa da Apresentação.
Cumprindo a lei de Deus
Jesus é levado ao Templo
Deixa-se ver como luz do mundo,
Esperança nossa.

Simeão é o escutador
Vivendo em alta fidelidade.
Movido pelo Espírito Santo
Experimenta assombro e encanto,
Recebe nas mãos o próprio Deus,
Entoando o feliz canto
Do entardecer da vida.

Ana é uma velhinha profetisa,
Filha de Fanuel
- Rosto de Deus -
Da tribo de Aser.
Do alto da perfeição dos anos nos diz
Que viver pertinho de Deus
É condição para ser feliz.





Nos dias da purificação

Nos dias da purificação
em Jerusalém cumpriu-se a Lei:
D'Aquele que haveria de ser rei
Foi feita a Apresentação.

Maria e José levaram Jesus
Até ao templo de Jerusalém.
Simeão reconheceu n'Ele a Luz,
O caminho para que todos se salvem.

Ana, mulher de fé, da tribo de Aser
Quando ali viu o Menino Jesus
Começou a louvar a Deus
Pela libertação prestes a acontecer.

E assim Jesus cresceu,
Com todo o enlevo vindo do céu.



Pe. JAC

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...