30 de outubro de 2014

Os Portais do Mistério da Segunda Virtude (Charles Péguy)

 
 
«[O volume "Os Portais do Mistério da Segunda Virtude"] é porventura o mais assombroso poema sobre a esperança de toda a literatura contemporânea… O teólogo von Balthasar haveria de coloca-lo entre os génios religiosos que celebram a glória de Deus, ao lado de Santo Agostinho, de Dante, de Pascal ou de Hopkins. Com palavras como estas: “Péguy é indivisível, ele mantém-se dentro e fora da Igreja, ele é a Igreja in partibus infidelium, lá onde a Igreja deve estar... lá onde mundo e Igreja, mundo e Graça se encontram e se interpenetram, até ao ponto em que se torna impossível distingui-los. (...) O realismo bíblico e a integridade de pensamento conferem a Péguy uma clarividência sem costuras, para olhar o mundo exatamente como ele é: grande e miserável”. (...)
Deixou escrito: "Não sou um santo. A santidade reconhece-se imediatamente. Sou um pecador bom. Uma testemunha. Um cristão na paróquia, um pecador que possui tesouros de graça. (...) Ningém é mais competente do que o pecador em matéria de Cristianismo.»
 
por José Tolentino Mendonça, no Prefácio do livro. 
 
 
 
"O que me espanta, diz Deus, é a esperança.
E disso não me canso.
Essa pequena esperança que parece não ser nada.
Essa esperança menina."
(p. 16)

25 de outubro de 2014

Amor entrelaçado. Poema no XXX domingo comum




Quando a um amor se junta outro amor
E se diz que são semelhantes
Passam a ser o mesmo amor
Em direcções complementares.

Porque o valor do amor a Deus
Verifica-se no amor aos irmãos!
E não amararemos de verdade
Se isto não for realidade.

O fazer legal
Sem amor real
É cumprir, falsear e mentir!

Sê a tua alma e o teu coração
Ama-te a ti como a cada irmão
E farás do mundo um lugar melhor
Onde se vive o mandamento do amor.

Dois amores assim entrelaçados
Vividos e assumidos, por inteiro;
Porque Deus só será primeiro
Se primeiro estão também os irmãos!



Pe. JAC

19 de outubro de 2014

Urgência da missão! XXIX domingo. Dia Mundial das Missões



Palavras claras são urgentes
Que sejam quentes e ardentes,
E queimem a solidão,
De cada coração.

São urgentes gestos ousados
Que incluam os tresmalhados 
Que gritem a coerência 
E não esqueçam a providência. 

São precisas vias abertas aos peregrinos 
Que seguem por muitos caminhos
Em busca da ternura e do amor 
Revelado na cruz do Senhor.

São precisos missionários
Homens e mulheres,
Crianças, adolescentes e jovens
Famílias inteiras, 
Com sonhos altos, elevados...
Para elevar cada pessoa 
À estatura de Cristo!

É urgente a missão!
Não digamos que não!

17 de outubro de 2014

Santo Inácio de Antioquia





ORAÇÃO SOBRE AS OBLATAS
Aceitai benignamente, Senhor, a nossa humilde oferta, como recebestes Santo Inácio, trigo de Cristo, que, triturado pelo seu martírio, se tornou pão imaculado.



Da Carta de Santo Inácio, bispo e mártir, aos Romanos

Sou trigo de Deus e serei moído pelos dentes das feras


Escrevo a todas as Igrejas e asseguro a todas elas que estou disposto a morrer de bom grado por Deus, se vós não o impedirdes. Peço vos que não manifesteis por mim uma benevolência inoportuna. Deixai me ser pasto das feras, pelas quais poderei chegar à posse de Deus. Sou trigo de Deus e devo ser moído pelos dentes das feras, para me transformar em pão limpo de Cristo. Rezai por mim a Cristo, para que, por meio desses instrumentos, eu seja sacrifício para Deus.
Para nada me serviriam os prazeres do mundo ou os reinos deste século. Prefiro morrer em Cristo Jesus a reinar sobre todos os confins da terra. Procuro Aquele que morreu por nós; quero Aquele que ressuscitou por nossa causa. Estou prestes a nascer. Tende piedade de mim, irmãos. Não me impeçais de viver, não queirais que eu morra. Não me entregueis ao mundo, a mim que desejo ser de Deus, nem penseis seduzir me com coisas terrenas. Deixai me alcançar a luz pura. Quando lá chegar serei verdadeiramente um homem. Deixai me ser imitador da paixão do meu Deus. Se alguém O possuir, compreenderá o que quero e terá compaixão de mim, por conhecer a ânsia que me atormenta.
O príncipe deste mundo quer arrebatar me e corromper a disposição da minha vontade para com Deus. Nenhum de vós o ajude; tornai vos antes partidários meus, isto é, de Deus. Não queirais ter ao mesmo tempo o nome de Jesus Cristo na boca e desejos mundanos no coração. Não me queirais mal. Mesmo que eu vo lo pedisse na vossa presença, não me devíeis acreditar. Acreditai antes nisto que vos escrevo. Estou a escrever vos enquanto ainda vivo, mas desejando morrer. O meu Amor está crucificado e não há em mim fogo que se alimente da matéria. Mas há uma água viva que murmura dentro de mim e me diz interiormente: «Vem para o Pai». Não me satisfazem os alimentos corruptíveis nem os prazeres deste mundo. Quero o pão de Deus, que é a Carne de Jesus Cristo, nascido da linhagem de David, e por bebida quero o seu Sangue que é a caridade incorruptível.
Já não quero viver mais segundo os homens; e isto acontecerá, se vós quiserdes. Peço vos que o queirais, para que também vós alcanceis benevolência. Peço vos em poucas palavras: acreditai me. Jesus Cristo vos fará compreender que digo a verdade. Ele é a boca da verdade, no qual o Pai falou verdadeiramente. Pedi por mim para que o consiga. Não vos escrevi segundo a carne, mas segundo o espírito de Deus. Se padecer o martírio, ter me eis amado; se me rejeitarem, ter me eis querido mal.

(Cap. 4, 1-2; 6, 1 – 8, 3: Funk 1, 217-223) (Sec. I)



Pe. JAC

15 de outubro de 2014

Santa Margarida Maria Alacoque






Nasceu em 1647 na diocese de Autun (França). Acolhida entre as Irmãs da Visitação de Paray le Monial, progrediu de modo admirável no caminho da perfeição. Teve revelações místicas, particularmente sobre a devoção ao Coração de Jesus, e contribuiu muito para introduzir o seu culto na Igreja. Morreu a 17 de Outubro de 1690.

Das Cartas de Santa Margarida Maria Alacoque, virgem

Devemos conhecer o amor supereminente da ciência de Cristo

Parece me que a intenção de Nosso Senhor ao manifestar tão grande desejo de que o seu Sagrado Coração seja especialmente venerado, é renovar nas almas os efeitos da sua redenção. Na verdade, o Sagrado Coração é uma fonte inesgotável que não pretende senão comunicar se aos corações humildes, para que, mais livres e disponíveis, orientem a sua vida na entrega total à sua vontade.
Deste divino Coração brotam sem cessar três canais de graça. O primeiro é o da misericórdia para com os pecadores, sobre os quais infunde o espírito de contrição e de penitência. O segundo é o da caridade, para auxílio de quantos padecem tribulações e em especial dos que aspiram à perfeição, a fim de que superem todas as dificuldades. O terceiro é de amor e luz para os seus amigos perfeitos que deseja unir a Si para os tornar participantes da sua ciência e dos seus desígnios, a fim de que eles se consagrem inteiramente a promover a sua glória, cada um à sua maneira.
Este divino Coração é um abismo que encerra todos os bens e é preciso que os pobres Lhe confiem todas as suas necessidades. É abismo de alegria em que devem ficar submersas todas as nossas tristezas; é abismo de humildade contra o nosso orgulho; é abismo de misericórdia para os infelizes; é abismo de amor para saciar toda a nossa pobreza.
Uni vos intimamente, em tudo o que fizerdes, ao Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo, para fazerdes vossas as suas disposições e a sua satisfação. Por exemplo: não adiantais nada na oração? Contentai vos com oferecer a Deus as preces que o divino Salvador eleva por nós no Sacramento do altar, oferecendo o seu fervor em reparação da vossa tibieza; e dizei em cada uma das vossas acções: «Meu Deus, faço isto ou sofro aquilo em união com o Sagrado Coração de vosso Filho e segundo as suas intenções; eu Vo lo ofereço em reparação de todo o mal ou imperfeição das minhas obras». E de modo semelhante em todas as circunstâncias da vida. E sempre que vos sobrevém qualquer sofrimento, angústia ou mortificação, dizei no vosso interior: «Recebe o que o Sagrado Coração de Jesus te envia para te unir a Ele».
Acima de tudo, porém, conservai a paz de coração, que supera todos os tesouros. E o melhor meio de a conservar é renunciar à própria vontade e colocar a vontade do divino Coração em vez da nossa, para a deixar escolher por nós aquilo que mais pode contribuir para a sua glória.

(Vie et Oeuvres, 2; Paris [1915], 321.336.493.554) (Sec. XVII)


Pe. JAC

Nada te perturbe (Santa Teresa de Ávila)



Nada te perturbe, 
Nada te espante,
Tudo passa, 
Deus não muda,
A paciência tudo alcança;
Quem a Deus tem, 
Nada lhe falta:
Só Deus basta.

Eleva o pensamento, 
Ao céu sobe,
Por nada te angusties, 
Nada te perturbe.
A Jesus Cristo segue, 
Com grande entrega,
E, venha o que vier, 
Nada te espante.
Vês a glória do mundo? 
É glória vã;
Nada tem de estável, 
Tudo passa.

Deseje às coisas celestes, 
Que sempre duram;
Fiel e rico em promessas, 
Deus não muda.
Ama-o como merece, 
Bondade Imensa;
Quem a Deus tem, 
Mesmo que passe por momentos difíceis;
Sendo Deus o seu tesouro, 
Nada lhe falta.
SÓ DEUS BASTA!

14 de outubro de 2014

Assembleias arciprestais lançam linhas pastorais para a Diocese deAveiro




Para conhecer a exortação apostólica "Evangelii Gaudium", do Papa Francisco, mas também para ver mais de perto o bispo concedido a esta Igreja de Aveiro, milhares de cristãos diocesanos já se reuniram em assembleias arciprestais, iniciando-se, deste modo, um movimento a partir das bases, para colher e compilar sugestões para o Plano Diocesano de Pastoral dos próximos anos.
Marcadas desde Maio passado, era claro o intuito deste trabalho, à semelhança do já experimentado por ocasião da preparação do programa pastoral que veio a chamar-se Missão Jubilar, nos 75 anos de Restauração da Diocese: ouvir os cristãos da diocese, o Povo de Deus no seu conjunto, para preparar um caminho de acção pastoral para ser vivido por todos.
Ao conhecer-se a nomeação de D. António Moiteiro para bispo de Aveiro, ficou claro que seria uma bela oportunidade para o Pastor Diocesano começar a calcorrear os caminhos da diocese conhecendo as ovelhas do rebanho confiado e também para ficar a par do sentir diocesano em relação à acção pastoral. 
Assim, nos dez arciprestados da diocese já decorreram os dois encontros (em Aveiro decorre hoje, e na próxima quarta-feira; em Ílhavo, o segundo encontro é esta quinta-feira). Para já, bem mais de mil pessoas se reuniram para ouvir a apresentação que o Prelado fez da exortação do Papa, na qual este lança as linhas de acção pastoral para a Igreja nos próximos tempos. No segundo encontro, decorreram trabalhos de grupo para, a partir do II Sínodo de Aveiro e da "Evangelii Gaudium", se dar resposta a algumas questões em vista à elaboração do plano diocesano de pastoral.
A tomada de consciência da missão da Igreja, a partir do mandato de Jesus foi o ponto do partida de D. António Moiteiro que percorreu alguns números dos cinco capítulos que compõem a exortação papal. Especial enfoque dado à urgência da evangelização e ao novo ardor dos "discípulos missionários" necessários para que o querigma seja anunciado a todos sem excepção.  
Do que se foi ouvindo e colhendo nestes encontros, a família, a catequese para todas as idades e a formação cristã em geral têm sido os âmbitos de acção mais sublinhados pelos diocesanos. 
Porque aquilo que diz respeito a todos deve ser pensado e reflectido por todos fica assim dado o primeiro passo para que a nossa diocese volte a ter um plano pastoral diocesano conjunto que ajude todos a viver o seu ser em Cristo, assumindo, cada um, a sua missão de ser anunciador e testemunha da alegria do Evangelho. 

Colaboração para o Jornal Correio do Vouga

12 de outubro de 2014

Somos todos convidados! Poema no XXVIII domingo




Somos todos convidados
Haja festa e alegria
Em cada santa Eucaristia:

O banquete saboroso
Preparado com amor
Por Jesus Cristo Senhor.

Sacramento admirável
Plenitude de doação
Para nossa salvação.

Não é refeição descartável
Que dispense a conversão
Do nosso pobre coração.

Saibamos agradecer
A Quem todo se ofereceu
No altar da santa Cruz.

Dele podemos viver
Na terra e um dia no céu
Onde nos abraça Jesus!


Pe. JAC

5 de outubro de 2014

Dignos do amor! Poema no XXVII domingo




Uma vinha abençoada
que tinha tudo
e fora bem cuidada
pelo amor de divinos braços;
Ficou abandonada
porque não deu nada,
só produziu agraços...

Um Camponês desiludido,
Amante traído,
de um amor dorido
e não correspondido...

O amor do Deus Camponês
que ainda agora nos dá o Filho
não desespera, persiste
e espera as nossas uvas!

Seremos dignos do amor
do Senhor da vinha,
produzindo frutos
e dando flor?



Pe. JAC

2 de outubro de 2014

Três anos na Paróquia de Nossa Senhora da Glória








Há três anos servindo a comunidade paroquial de Nossa Senhora da Glória. Faz hoje três anos que, na missa das 12h, na Catedral Aveirense, me apresentava à comunidade cristã ali reunida.
Depois de ter estado quase dois anos a servir, primeiro como diácono, depois como presbítero, nove comunidades paroquiais, na unidade pastoral de Águeda, o então bispo de Aveiro D. António Francisco dos Santos nomeava-me vigário paroquial de Nossa Senhora da Glória-Sé de Aveiro. 
Vim ajudado pela graça de Deus, a mesma que continua a conduzir-me, cada dia, para ser sempre transparência de Deus para todos. Com as minhas forças e fraquezas!
Louvo o Senhor pela Sua Providência e Bondade.
Rezo à Senhora da Glória, minha padroeira, que continue sempre à minha beira!




Releio o decreto das nomeações:
Nomeações ao Serviço do Povo de Deus

Recordo o que nos diz a Exortação Apostólica, “Dar-vos-ei Pastores”, citada no texto do nosso II Sínodo Diocesano: “Os presbíteros «chamados ao serviço do Povo de Deus, como prudentes cooperadores da ordem episcopal, constituem com o Bispo um único presbitério ou corpo sacerdotal, embora diversificado nas suas funções. Em comunhão com o Bispo, santificam e dirigem a porção da grei do Senhor que lhes foi confiada, tornam visível nesse lugar a Igreja universal, e dão o seu contributo eficaz para a edificação de todo o corpo de Cristo. O ministério do presbítero tem uma radical forma comunitária e só pode ser assumido como forma colectiva» (cf. PDV 17). Cada sacerdote, seja diocesano ou religioso, está unido aos outros membros deste presbitério, na base do sacramento da Ordem, por particulares vínculos de caridade apostólica, de ministério e de fraternidade” (cf. II Sínodo de Aveiro, pág. 55 e 56).

Atento ao bem maior do serviço do Povo de Deus, tendo em conta o dom inestimável do ministério ordenado para a vida da nossa Igreja diocesana, neste caminho pastoral rumo ao Jubileu Diocesano em que celebramos setenta e cinco anos da restauração da Diocese, e reconhecendo a renovada disponibilidade e permanente generosidade manifestadas por todos, Hei por Bem nomear:

(...)
- P.e José António Ribeiro de Lima Carneiro, Vigário Paroquial de Nossa Senhora da Glória – Sé, no Arciprestado de Aveiro;
(...)
António Francisco dos Santos
Bispo de Aveiro



Pe. JAC

[A propósito da solenidade de Cristo Rei]

  “Talvez eu não me tenha explicado bem. Ou não entendestes.” Não penseis no futuro. No último dia já estará tudo decidido. Tudo se joga nes...